O Brasil vai tropeçar nas próprias pernas, por falta de talentos e de futebol. Se não cair nas oitavas de final, cairá nas quartas, não tenho dúvida
Jaeci Carvalho - Estado de Minas
Publicação:
12/04/2014 08:25
Muita gente acredita no Brasil campeão do mundo apenas porque a Copa será aqui. Não sou vendedor de ilusões e jamais acreditei nisso, pois não temos Seleção de primeira linha. Já dei argumentos plausíveis para mostrar os motivos do meu pessimismo. Não houve na história dos Mundiais um campeão cujo protagonista tivesse apenas 21 anos, como Neymar, à exceção de 1958, quando Pelé tinha 17, mas ele não era inicialmente protagonista.
Peguemos de 1970 para cá. Brasil campeão, Pelé protagonista; 1974, Alemanha campeã, Beckenbauer e Müller protagonistas; 1978, Argentina de Mario Kempes; 1982, Itália de Paolo Rossi; 1986, Argentina de Maradona; 1990, Alemanha de Matthäus; 1994, Brasil de Romário; 1998, França de Zidane; 2002, Brasil de Ronaldo; 2006, Itália de Cannavaro; 2010, Espanha de Iniesta. Viram como todos os protagonistas tinham mais de 21 anos?
Esse é apenas um dos argumentos que uso para prever o fracasso do Brasil. Há outros, como time fraco, com jogadores instáveis e reservas em seus clubes. Paulinho, nosso principal volante, não consegue ser titular no modesto Tottenham. Neymar vai pelo mesmo caminho: titular num jogo, reserva no outro. Ele chegou ao Barcelona e, pela primeira vez depois de seis anos, o time não foi às semifinais da Liga dos Campeões. Fred, nosso principal artilheiro, vive momentos de instabilidade no Fluminense. David Luiz, que tanto enaltecem, falhou feio num dos gols do Paris Saint-Germain há duas semanas, e seu parceiro de zaga, Thiago Silva, também foi eliminado da Champions. O goleiro Júlio César joga no Toronto, em liga inexpressiva, e anda tomando gols esquisitos. Viram quantos motivos para não acreditar no time do Felipão?
Sei que ele e Parreira vendem emoção e otimismo, mas é papel deles, não meu. Curiosamente, esta Copa apresenta aspectos interessantes. Em cada 10 brasileiros, sete dizem que vão torcer contra, pois não queriam o evento, e sim hospitais, escolas, segurança... Tudo bem que também prefiro isso para a população, mas daí a torcer contra não é justo. Somos apaixonados pelo futebol e, em se tratando da Seleção Brasileira, a gente deve torcer sempre a favor. Mas entendo esse sentimento.
Gostaria de dizer aos torcedores que não será preciso torcer contra. O Brasil vai tropeçar nas próprias pernas, por falta de talentos e de futebol. Se não cair nas oitavas de final, cairá nas quartas, não tenho dúvida. Claro que vai ter muita gente vendendo ilusão. Cada um no seu papel. Anunciantes investem pesado em propagandas sobre o evento. Não querem nem imaginar um fracasso precoce. A Globo vai chamando a população para participar e joga a Seleção lá no alto. Cada um faz seu papel. Eu não me iludo, não jogo confetes, não agrado.
Aliás, quando perdemos a Copa da África, escrevi no dia seguinte que não ganharíamos o Mundial do Brasil. Paramos no tempo e no espaço com Mano Menezes e não houve tempo de Felipão montar o time do jeito que gosta nem de implantar sua filosofia. A família Scolari deu certo em 2002, mas não significa que seja uma fórmula pronta. O time é fraco e ponto. Há um sentimento de revolta por termos gasto R$ 40 bilhões, com muita obra superfaturada, enquanto pessoas morrem nas filas dos hospitais ou vítimas de armas de fogo de bandidos que dominam impunes as ruas; ou porque o analfabetismo impera de norte a sul no país do faz de conta.
Não pedimos Copa e não queríamos estádios que vão virar elefantes brancos. Queremos saúde, segurança, educação. Esses R$ 40 bilhões dariam belo impulso no país. Não temos o que comemorar. Inflação nas alturas, Petrobras envolvida em escândalos, economia em queda, falta de investimentos estrangeiros. O Brasil virou país de risco e ninguém quer jogar dinheiro fora. Querem que o torcedor comemore possível hexa e vendem essa mensagem a todo momento. Jogar em casa pode ajudar, mas não será fator decisivo. Copa se ganha com time bom, futebol de primeira e protagonista com mais de 26 anos. Como não temos nada disso, estamos fadados ao fracasso. Que não será o fim. Quem sabe um recomeço, para repensarmos nosso futebol, tão maltratado, usurpado e achincalhado mundo afora?
Mineirão
O secretário de Turismo e Esporte, Tiago Lacerda, que faz bom trabalho, esclarece: “O estado não pagou R$ 50 milhões ao Minas Arena no ano passado. Todos os pagamentos estão previstos no contrato. Em dois anos, o consórcio investiu R$ 670 milhões na reforma do Mineirão, que é patrimônio estadual. Nesse período, não foi desembolsado nenhum centavo. A empresa agora opera o estádio por 25 anos e, ao longo desse período, o estado paga pelo valor investido. Se, ao longo dos 25 anos, a empresa tiver prejuízo, o estado vai pagar somente o valor previsto no contrato, mas se tiver lucro, o estado compartilha e paga menos. Resumindo: O estado paga o que estava em contrato, o que custou a obra, que não teve nenhum aditivo de prazo e preço, como a maioria dos outros estádios construídos no país.”
Peguemos de 1970 para cá. Brasil campeão, Pelé protagonista; 1974, Alemanha campeã, Beckenbauer e Müller protagonistas; 1978, Argentina de Mario Kempes; 1982, Itália de Paolo Rossi; 1986, Argentina de Maradona; 1990, Alemanha de Matthäus; 1994, Brasil de Romário; 1998, França de Zidane; 2002, Brasil de Ronaldo; 2006, Itália de Cannavaro; 2010, Espanha de Iniesta. Viram como todos os protagonistas tinham mais de 21 anos?
Esse é apenas um dos argumentos que uso para prever o fracasso do Brasil. Há outros, como time fraco, com jogadores instáveis e reservas em seus clubes. Paulinho, nosso principal volante, não consegue ser titular no modesto Tottenham. Neymar vai pelo mesmo caminho: titular num jogo, reserva no outro. Ele chegou ao Barcelona e, pela primeira vez depois de seis anos, o time não foi às semifinais da Liga dos Campeões. Fred, nosso principal artilheiro, vive momentos de instabilidade no Fluminense. David Luiz, que tanto enaltecem, falhou feio num dos gols do Paris Saint-Germain há duas semanas, e seu parceiro de zaga, Thiago Silva, também foi eliminado da Champions. O goleiro Júlio César joga no Toronto, em liga inexpressiva, e anda tomando gols esquisitos. Viram quantos motivos para não acreditar no time do Felipão?
Sei que ele e Parreira vendem emoção e otimismo, mas é papel deles, não meu. Curiosamente, esta Copa apresenta aspectos interessantes. Em cada 10 brasileiros, sete dizem que vão torcer contra, pois não queriam o evento, e sim hospitais, escolas, segurança... Tudo bem que também prefiro isso para a população, mas daí a torcer contra não é justo. Somos apaixonados pelo futebol e, em se tratando da Seleção Brasileira, a gente deve torcer sempre a favor. Mas entendo esse sentimento.
Gostaria de dizer aos torcedores que não será preciso torcer contra. O Brasil vai tropeçar nas próprias pernas, por falta de talentos e de futebol. Se não cair nas oitavas de final, cairá nas quartas, não tenho dúvida. Claro que vai ter muita gente vendendo ilusão. Cada um no seu papel. Anunciantes investem pesado em propagandas sobre o evento. Não querem nem imaginar um fracasso precoce. A Globo vai chamando a população para participar e joga a Seleção lá no alto. Cada um faz seu papel. Eu não me iludo, não jogo confetes, não agrado.
Aliás, quando perdemos a Copa da África, escrevi no dia seguinte que não ganharíamos o Mundial do Brasil. Paramos no tempo e no espaço com Mano Menezes e não houve tempo de Felipão montar o time do jeito que gosta nem de implantar sua filosofia. A família Scolari deu certo em 2002, mas não significa que seja uma fórmula pronta. O time é fraco e ponto. Há um sentimento de revolta por termos gasto R$ 40 bilhões, com muita obra superfaturada, enquanto pessoas morrem nas filas dos hospitais ou vítimas de armas de fogo de bandidos que dominam impunes as ruas; ou porque o analfabetismo impera de norte a sul no país do faz de conta.
Não pedimos Copa e não queríamos estádios que vão virar elefantes brancos. Queremos saúde, segurança, educação. Esses R$ 40 bilhões dariam belo impulso no país. Não temos o que comemorar. Inflação nas alturas, Petrobras envolvida em escândalos, economia em queda, falta de investimentos estrangeiros. O Brasil virou país de risco e ninguém quer jogar dinheiro fora. Querem que o torcedor comemore possível hexa e vendem essa mensagem a todo momento. Jogar em casa pode ajudar, mas não será fator decisivo. Copa se ganha com time bom, futebol de primeira e protagonista com mais de 26 anos. Como não temos nada disso, estamos fadados ao fracasso. Que não será o fim. Quem sabe um recomeço, para repensarmos nosso futebol, tão maltratado, usurpado e achincalhado mundo afora?
Mineirão
O secretário de Turismo e Esporte, Tiago Lacerda, que faz bom trabalho, esclarece: “O estado não pagou R$ 50 milhões ao Minas Arena no ano passado. Todos os pagamentos estão previstos no contrato. Em dois anos, o consórcio investiu R$ 670 milhões na reforma do Mineirão, que é patrimônio estadual. Nesse período, não foi desembolsado nenhum centavo. A empresa agora opera o estádio por 25 anos e, ao longo desse período, o estado paga pelo valor investido. Se, ao longo dos 25 anos, a empresa tiver prejuízo, o estado vai pagar somente o valor previsto no contrato, mas se tiver lucro, o estado compartilha e paga menos. Resumindo: O estado paga o que estava em contrato, o que custou a obra, que não teve nenhum aditivo de prazo e preço, como a maioria dos outros estádios construídos no país.”
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